Faltam 5 minutos pra meia noite. Juntam todos os primos,
sorridentes, olhando pra cima na rua vazia. A noite traz certo alívio do
calor que domina a cidade, mas o calor de nossos ânimos é suficiente
pra fazer surgirem gotinhas de suor. A cada ano um pouco mais longe
de casa. Correndo pelo asfalto e procurando por todos os lados uma
faísca colorida. O céu noturno já retumbava e piscava com rojões. Correndo, os cabelos colados na nuca e a franja voando. Os pés descalços ou chinelos batendo no asfalto, enquanto o pequeno grupo passava entre casas e árvores procurando o melhor lugar pra ver o céu.
Dando risada e gritando, sempre sorrindo e olhando em frente. Tristeza
pelo ano que fica? Um pouco. Mas sempre com aquele nervoso e aquela
antecipação gostosa do desconhecido futuro. Paramos em uma avenida,
ainda faltam alguns minutos. Fazemos uma breve retrospectiva. Pulamos
na grama, abraçamos uns aos outros e subimos em um banco pra passarmos
juntos os últimos minutos. Meia noite. A noite explode em cores pra
vários lados. Nada como as grandes capitais, mas extraordinário a nosso
modo. Mais uma vez gritamos e nos abraçamos, tiramos fotos e filmamos. Carros passam e nos desejam feliz ano novo a plenos pulmões. Respondemos com alegria. Voltamos correndo pra casa, ansiosos por abraçar aqueles com quem desejamos passar todos os outros minutos do ano que chega. Repetimos esse ritual todos os anos, e nos dá aquela alegria que só um hábito que lhe traz a infância de volta dá. Não tem glamour, não tem nada chique nem extravagante. Mas eu não trocaria isso por nada no mundo.
A vida muda, e muda depressa. Hoje caiu minha ficha de que passei pela metade do Ensino Médio. Em menos de 2 anos alguém vai me entregar um diploma que assinala a conclusão desses 3 anos tão decisivos. E 2 anos atrás, onde estava eu? Para mim, parece que foi ontem. Lembro vividamente dos meses de agosto, setembro, outubro e novembro que precederam meu aniversário de 15 anos.
Nesses meses eu estava no começo do meu namoro. Desenhei uma locomotiva e seu motor a vapor. Desenhei estrelas de 3 a 9 pontas na aula de geometria. Tive aulas de jardinagem. Escutei muito David Bowie. Trocamos a TV da sala aqui em casa e eu ficava jogando um joguinho novo do Xbox, chamado Viva Piñata. Fui viajar com a turma toda para trabalhar em uma fazenda. Saltei com um cavalo pela primeira vez. Comi morangos direto do pé. Fiz geleia e queijo fresco. Perdi meu iPod nessa viagem. Fiz meu FCE da Cambridge e fui aprovada com B. Mais do que esses acontecimentos, eu me lembro dos sentimentos e das sensações de todos eles. De como minha barriga dava voltas quando meu namorado vinha me visitar. Do nervoso e da superação de fazer e entregar todos os trabalhos e desenhos difíceis da escola. Do calor e do suor das aulas e jardinagem, e principalmente da professora. De ir todos os dias dormir ouvindo As The World Falls Down. De acordar antes de todo mundo no fim de semana e jogar esse jogo na TV nova como se não houvesse amanhã. De acordar cedo na fazenda, com frio, e ir ordenhar a vaca no pasto do outro lado do mundo. De ficar fazendo os relatórios na nossa hora livre, enquanto todo mundo passeava pela fazenda. De subir no sino da igreja e ficar lá em cima olhando tudo. De correr a cavalo sem ninguém pra me falar aonde ir. De chegar em casa e descobrir que o iPod não estava na bolsa. Da ansiedade para fazer o FCE. Foi um ano muito especial e inesquecível para mim. Sinto tudo isso, desejo tudo isso, como se tivesse acontecido há alguns meses. Mas hoje caiu a ficha: faz 2 anos.
Isso me fez perguntar: aonde vou estar dentro de 2 anos? Será que vou me lembrar desse ano com o mesmo carinho? Vou estar no cursinho? Vou estar em uma faculdade?
Nisso me lembrei de todos os momentos especiais dos meus últimos anos. Principalmente das viagens com a escola. Meu irmão vai para o Petar amanhã, e eu fiz essa viagem faz 5 anos. Eu sinto que estive lá há menos de 3 meses. E o Pantanal então? Foi no mesmo ano em que criei este blog, então acreditem: faz tempo. Mas sinto como se tivesse sido semana passada.
Esse tempo passou muito rápido. 5 anos se passaram e para mim foram 2. Parece que foi ontem que cheguei na Viver como aluna nova. E de novo me perguntei: e no futuro? Se o tempo passa tão rápido, para onde vou em alguns anos? Do que vou me lembrar? O que vai ser especial pra mim? Quem eu vou ser?
Será que não devemos aproveitar mais a vida? Será que não devemos criar mais momentos especiais dos quais nos lembraremos em qualquer futuro, próximo ou distante?
Apenas uma reflexão.
Devia ter amado mais Ter chorado mais Ter visto o sol nascer Devia ter arriscado mais e até errado mais Ter feito o que eu queria fazer Queria ter aceitado as pessoas como elas são Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração
Hoje a noite está quente, parece até verão. Mas não é. Estamos no inverno, ainda longe da primavera. Quase um mês nos separa do início da estação das flores. Porém está calor, abafado. Parece aquelas noites de verão moles, lentas e úmidas, quando eu ligo o ventilador no máximo, coloco meu menor pijama e durmo sem cobertas. Principalmente parece que passei o dia na piscina, tenho a sensação de ter mergulhado na água várias vezes hoje, mas não mergulhei. Não é uma sensação ruim, muito pelo contrário: me lembra férias.
Lembra muito aquelas noites em família, quando está perto do natal e eu estou em Araçatuba. Lá é mais quente que aqui. Eu estou sempre esperando a ceia de natal, afinal minha vó cozinha muito bem e eu como até precisar ser guinchada até o quarto. Mas nas noites que antecedem a ceia, eu passo o tempo jogando conversa fora com minhas primas e meu irmão, deitada em um colchão no quarto delas, com o ventilador ligado. Durmo num colchão perto do chão porque o chão é fresco. Ás vezes o Bob invade o quarto e tudo vira um caos, o cão baba em mim, minha primas gritam com ele, a vó aparece no quarto para ver qual é o problema, e ele acaba saindo depois de ter pisado ou babado em todo mundo. Ás vezes jogamos um jogo de tabuleiro ou um jogo de cartas.
Também me lembra o ano novo, que eu também passo em Araçatuba. Na noite da virada, minha vó (outra vez) prepara um jantar magnífico. Só nesses dois jantares eu engordo mais ou menos 3 quilos. Depois do jantar, nos sentamos na sala e assistimos as comemorações em vários lugares do mundo: Japão, Londres, Paris, NY... Quando dá 23h00, mais ou menos, começam a soltar fogos. Eu, minhas primas e meu irmão saimos correndo da casa e vamos para a rua, tentar ver os fogos. Ficamos correndo de um lado para o outro da rua, tentando achar o melhor ângulo. Ano passado, demos uma caminhada por alguns quarteirões e tivemos uma ótima visão dos fogos. Sempre fiquei decepcionada por não ser uma chuva de fogos espetacular, mas percebi que é mil vezes melhor passar essa data em Araçatuba com minha família.
Basicamente, hoje a noite está como uma noite de verão qualquer: quente, abafada, em baixo do ventilador, pijama fresco, água ao lado da cama e um lençol fino para me cobrir. Me traz uma sensação maravilhosa chamada nostalgia. Eu, pelo menos, amo essa sensação.
Essa era a "música tema" da minha páscoa quando era criança. Geralmente, eu passava essa data em Águas de Santa Bárbara, na chácara da minha avó. Até hoje tenho lembranças mágicas desse lugar, de como caminhava com minha bisavó para ir pegar pinhas a beira do rio. De passar o pôr-do-sol no balanço em frente à prainha, vendo as garças passarem voando em bandos, quase tocando a superfície do lago. Toda essa cena, e a floresta atrás do lago, era refletida na água. Parecia um mundo paralelo. O céu ficava amarelo, depois passava para laranja, e depois para um vermelho sangue, e por fim um cor-de-rosa quando as primeiras estrelas começavam a aparecer. Me lembro que o céu de lá era tão limpo que era possível observar a Via Láctea do quintal.
Pois bem, era nesse lugar fantástico que eu passava a Páscoa. De manhã, minha mãe, meu pai e meu irmão saíam comigo para ir procurar o coelhinho na floresta de pinheiros atrás da casa. No meio da floresta tinham umas estatuetas de duendezinhos, então eu sempre achei aquela floresta encantada. Eu ia feliz correndo procurando o coelho da páscoa, crente de que dessa vez eu ia encontrá-lo! Mesmo que só visse as pegadas, ou um par de orelhas atrás das árvores, ou avistasse de relance um pompom branco saltitando por entre as folhas secas, eu ficaria feliz. Minha mãe sempre apontava e dizia: "Eu vi! Tenho certeza!" para eu não desanimar. A busca continuava a manhã toda, até a hora do almoço, quando meus pais diziam que tínhamos que almoçar, afinal, o coelhinho também precisava comer. Então voltávamos para casa.
Depois do almoço, minha avó dizia que o coelhinho tinha passado e deixado um monte de ovos no quintal. O quintal da chácara era enorme, cheio de árvores, flores, arbustos, pedras... Eu praticamente voava pela grama procurando por um brilho que revelasse os ovos no meio das plantas. Até que finalmente avistava um, e corria avisar todo mundo. Quando não havia mais ovos a serem encontrados, minha vó pegava o telefone e fingia falar com alguém. Era o coelhinho avisando que estava trazendo mais ovos. E magicamente, quando eu ia procurar mais tarde, tinham mais ovos escondidos!
E assim foi, todos os anos da minha infância. Mesmo quando eu não acreditava mais no coelho, eu participava da brincadeira para fazer a alegria do meu irmão. Gostaria de agradecer aos meus pais, minha avó e minha bisavó por fazerem da minha páscoa uma data tão mágica e especial. Gostaria que todas as crianças tivessem essa oportunidade.
Que atire a primeira pedra aquele que quando criança não assistia desenhos como "O Laboratório de Dexter", "Coragem, o cão covarde", "Scooby Doo", "As meninas super-poderosas", "Vaca e Frango", etc. Lembro-me de que quando eu estudava de tarde, bem no auge de minha feliz infância, eu passava a manhã assistindo esses desenhos. Meu favorito era Pokémon, fato que rendeu à minha mãe várias horas fingindo ser um mewtwo e várias miniaturas do pikachu. Pois é, eram os melhores desenhos de todos, e hoje em dia penso neles com nostalgia.
Agora me pergunto, para onde foram esses desenhos? O que o CN, a Nickelodon, o (ex) Jetix, e o Boomerangue fizeram com eles? Imagino que tenham adaptado sua programação para a juventude de hoje. Os desenhos atuais não passam de uma gritaria, uma neurose, uma loucura, um caos sem fim. O que (penso eu), reflete muito bem as crianças de hoje.
Quem se lembra daqueles antigos desenhso da Disney, de 1940 e pouco, com músicas lindas e aquele traço caprichado que não se vê mais hoje em dia? Eram meus favoritos.
Bem, para os nostálgicos de plantão, como eu, aqui vão alguns dos meus favoritos:
(não achei a abertura, então peguei um episódio)
Sei que esqueci vários, mas tem tantos! Bem, vou ficando por aqui. Nunca se esqueçam dos desenhos que marcaram sua infância!