"Se existia alguma figura mais miserável do que eu naquele momento, eu não sabia, só sabia que seria difícil. Eu estava abalada, chocada, e acabada. E por cima de tudo, derrotada, mas ainda não havia superado aquela perda.
Agora entendo quando dizem que só se dá real valor às coisas quando as perdemos.
Sabe quando você se sente inferior, como um pontinho de nada no mundo, como se você fosse oco. Como se não tivesse sentimentos, imersa em um torpor profundo. Assim era eu, naquele momento, e até hoje.
Perdi o controle me mim mesma, desisti de lutar contra o peso que se apoiava nas minhas costas, contras as sombras que, sorrateiras se aproximavam de mim pelas costas. Desisti de lutar contra as vozes, os sussurros que pairavam sobre mim como abutres, apenas esperando que eu caísse.
Já não sentia mais nada, era indiferente ao mundo, insensível. Não ouvia quando as pessoas me chamavam. Imersa em pensamentos e alheia ao resto do mundo.
Simplesmente chorava para dormir, e falava sozinha, e com as sombras ao meu redor, que se aproximavam cada vez mais, os sussurros cada vez mais altos, e o peso já quase insuportável em minhas costas me abatiam.
Eu pedia, suplicava e implorava que me levassem desta vida, mas ninguém me ouvia.
No dia em que fiz minha decisão, foi o dia em que deixei de lutar, o dia em que eu decidi me juntar ao meu coração, e aos meus sentimentos, que já haviam partido.
No momento em que passei a lâmina afiada pela minha pele, senti apenas o quentinho do sangue escorrendo por entre meus dedos e pingando no carpete. Senti minha vida esvaindo-se. E deixei que as sombras me levassem, mas de repente, elas não eram mais sombras, elas eram luzes, anjos que me conduziam até onde eu passaria o resto da eternidade.
E onde eu me juntaria a causa de tudo, você.
E finalmente encontrei a paz que nunca tive."
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