Acho que tenho evitado escrever sobre amor há muito tempo. Sinto que talvez tenha caído no clichê de que, por algum motivo estúpido e obscuro, passei a acreditar que amar era fraqueza. Amor e apego eram algo que eu não devia demonstrar, meu carinho devia ser conquistado.
Ledo engano, fase rebelde de uma juventude vivendo o primeiro coração partido, o primeiro adeus, o primeiro felizes-para-sempre-só-que-nem-tanto. Nesse dia cruel e dolorido em que o coração finalmente aprende que o para sempre não é um tempo real, a gente acredita em qualquer coisa que faça a dor menor, que torne a tristeza mais suportável. E foi isso que fiz, eu assassinei meu amor. Eu finquei ele num canto de um quarto escuro e tranquei a porta com cadeados, cujas chaves atirei em um rio desconhecido que serpenteia as profundezas do meu eu.
Por mais curta que tenha sido essa fase, seu poder devastador continua sendo forte. Quando você apareceu e começou a mudar meus conceitos, eu já acreditava que não demonstrar era ser forte, desapego era coragem e solidão, independência. Mas você não acreditou nisso, né? Você derrubou meus muros, um a um, e me mostrou o quão errada eu estava. O amor existia, e Deus como existia e fazia meu estômago dançar conga quando eu te via.
Eu te evitei no começo, com medo de perder o controle que eu acabara de conhecer e ter. Boba, achava que ter controle era ser uma fortaleza. Não podia estar mais enganada. Mais uma vez você me transformou, e me fez perder o controle. Como eu amei rodar sem saber pra onde ia, e de verdade? Não importava, desde que eu estivesse com você.
Os meses passaram e eu fui quebrando. Eu sofri, não foi fácil, doeu. Doeu me abrir e descobrir como eu era vulnerável, e como eu era frágil. Doeu admitir a fragilidade e acreditar que, por mais que eu repetisse até cansar, enquanto você estiver comigo eu vou preferir estar com você a qualquer outra coisa. Eu tinha vergonha de amar, e me odiava por ter vergonha de um sentimento tão lindo.
E isso tudo me fez ver que amar é o ato mais corajoso e forte que alguém pode ter. Se entregar de corpo e alma, se abrir e mostrar seus piores lados, mais profundos segredos, assumir a fragilidade inerente da condição humana, do sentir, do sofrer, aceitar os riscos e, por fim, se expor completamente vulnerável, é brutalmente difícil. É mais que dar a cara a tapa, é dar tudo e correr o risco de tomar um K.O. na alma mesmo. É uma nudez que transcende as roupas no chão do quarto, é a nudez que existe quando enterro o rosto em seu pescoço e choro até encharcar o travesseiro. Quando olho em seus olhos e tento fazer com que você veja nos meus o quanto eu te amo, porque nem um dicionário britânico poderia traduzir tudo que sinto.
Enfim, eu queria agradecer. Obrigada por me mostrar que eu sou mais forte do que acreditei ser, e mais corajosa do que achei que podia ser um dia. Você me surpreendeu, mas me fez me surpreender comigo mesma. Você me torna uma pessoa melhor, você me torna a melhor versão de mim, você me ensinou a me amar e aceitar o meu amor. Obrigada, de coração.
Eu amo você.
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