Quase consigo ignorar completamente
Aquela pequena nuvem preta
Que se esconde nos cantos da minha cabeça
Mas às vezes ameaça chover
Eu sou um copo sob uma torneira com goteiras
A ponto de vazar
A água pinga incessantemente, um barulho que me enlouquece
aos poucos
Mas ainda dá
pra deixar pra lá
Tempo difícil, ninguém está bem
estresse generalizado, olhos cansados
Cheiro de café no hálito
Mas eu vou bem, obrigada, só preciso olhar pra outro lado
A nuvem chega de lá
a torneira pinga de cá
eu não posso vazar
Amortecida, de pé, entorpecida
chove lá fora
e também aqui dentro
a nuvem não vai mais embora
a goteira pinga mais rápido
o copo cheio parece
metade
vazio
encharcada, de chuva, de goteira
ainda tenho força
apenas
pra estender a mão gotejante
e fechar a torneira
dum outro errante
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