Eu sempre contei despedidas.
Sempre que me despeço, eu conto na cabeça quantas vezes mais vou precisar dizer adeus até o dia em que eu não precise mais me despedir.
É duro dizer isso, mas descobri que não acaba. A gente nunca para de dizer adeus. Adeus a sua família, antes de ir para a faculdade, adeus aos amigos, antes de voltar pra sua cidade, adeus ao namorado ou à namorada, que mora longe.
Esses são os mais fáceis, porque a gente fala, a gente abraça, toca, beija, chora. Difíceis são aquelas despedidas que a gente dá e nem sabe. Um amigo que se tornou distante e agora não passa de um conhecido, o namoro que termina sem que a gente perceba que acabou, e quando nos damos conta, perdemos alguém importante e nem tivemos a chance de dar um abraço, um beijo, um até logo.
Pior ainda são as despedidas forçadas, para alguém que nos deixou e não vai voltar. Sem data nem certeza de se ver de novo, ficamos somente com as lembranças.
Eu sempre contei despedidas. Soluçadas em meio a lágrimas de uma janela de ônibus; correndo em direção a uma nova viagem, a um novo lugar; entaladas na garganta em uma sala cheia de saudade e tristeza. Contei despedidas demais para ter a ingenuidade de achar que um dia elas acabam.
Mas sabe, elas fazem parte da vida. Nos fortalece, nos torna pessoas melhores. A saudade e a vontade de ser ver são enormes, e isso torna o reencontro ainda melhor. Damos mais valor quando sentimos falta.
Talvez por isso eu ainda conte despedidas. Quantas faltam pra eu não sentir mais tanto aperto no peito. Talvez seja em vão, porque ele nunca diminui. Continuo contando, porque, como diria Renato Russo, quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?
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