15 de dezembro de 2016

Luta

E sempre que parece melhor, que você acha que está superando, sua cabeça dá um jeito de te puxar de volta pra baixo.
Ela repete, ela grita dentro de você: “você não é boa o suficiente”, “você não tem nada de especial”, “você só incomoda”, “ninguém te quer por perto”, “você não faz diferença”.
Por mais que você tente ignorar, uma hora você acredita nas vozes, que não se calam nem por um segundo.
Um dia você está bem, feliz, sorrindo. No outro você se enrola na sua cama, fecha os olhos e chora, torcendo pra tudo isso acabar logo.
É uma luta constante com você mesmo, e sabe, tem horas que a gente perde. A gente cansa tanto que desiste de tentar vencer.
Você deixa as vozes ditarem quem você e as suas escolhas. Você para de tentar levantar da cama, não faz sentido sair de lá.
A rejeição repuxa você toda por dentro. A vontade de gritar por ajuda é enorme, mas o medo é ainda maior. A vergonha de aparentar fraqueza, de pedir qualquer atenção ou carinho é muito maior que sua coragem de contar pra alguém que você precisa de ajuda.
Todo mundo fala que você precisa ser forte sozinho. Que você não pode depender de ninguém pra se levantar. Mas se suas duas pernas estão quebradas, você não vai se levantar sozinho.
Mas no fim, as vozes te contam que você só quer chamar a atenção. Isso não é nada, você devia ser forte, independente.
E você continua em silêncio. 

9 de dezembro de 2016

Eis o pior de mim

Às vezes eu me pego duvidando de mim.
Da minha aparência, do meu caráter, da minha carência.
Tem dias que preciso repetir a mim mesma que sentir saudade não é fraqueza. Estar triste sem motivo não é frescura. Sentir não é errado.
Às vezes eu gostaria que as pessoas me lembrassem que sim, eu sou uma pessoa que pode ser amada simplesmente por ser eu, e não pelo que faço pelos outros.
De vez em quando preciso me forçar a lembrar que existem pessoas que gostam de mim, amam, até. Preciso enfiar na cabeça que tem gente que não me atura, que gosta de verdade da minha companhia.
Tem vezes que eu daria tudo por um pouco mais de carinho, mas me sinto uma idiota implorando atenção. Onde já se viu, querer migalhas de amor alheio?

1 de dezembro de 2016

Costura

Costura

Eu não percebi, mas fui me costurando remendo por remendo
Por cima do pano que já era meu
Esses retalhos, porém, não eram meus
Tinham uma textura diferente, uma cor estranha
Alguns incomodavam, machucavam até
Mas eu os deixei lá, os outros gostavam

Chegou um hora em que havia remendos demais
Meu pano, fino e fraco de velho e mal cuidado
Rasgou por baixo do peso
E eu perdi, destruída, tudo que costurei
Tudo que achei que eu fosse
Eu vi que não era
Me vi nua no espelho, de corpo e alma
Uma alma frágil e um tanto negligenciada

Me costuro de volta todos os dias
Dessa vez com cuidado, pra não me ferir
Um tecido velho, frágil, menor do que eu
Preciso de retalhos, mas os escolho com cuidado
Então se escolhi você pra fazer parte da minha costura
É porque dentre todas os tecidos por aí
Você foi o que mais combinou com o meu